terça-feira, 12 de março de 2013





Jararaca e Ratinho dois gênios da música brasileira , daqui alguns colocarei algumas das minhas músicas favoritas.




Em 1922 os Turunas Pernambucanos desembarcavam no Rio de Janeiro. Entre eles Jararaca, o terceiro sentado à direita, e Ratinho , o de pé  à esquerda, com o clarinete.


domingo, 10 de março de 2013















FRAGMENTO DO CABELEIRA

      (Pernambuco)

-Fecha a porta , gente,
 Cabeleira aí vem,
 Matando Mulheres,
 Meninos também.
 Corram, minha gente,
 Cabeleira aí vem,
 Ele não bem só,
 Vem seu pai também .
"Meu pai me pediu
 Por sua benção
 Que eu não fosse mole
 Fosse valentão
 Lá na minha terra,
 Lá em Santo Antão,
 Encontrei um homem
 Feito um guaribão,
 Pus-lhe o bacamarte ,
 Foi pá, pai, no chão.
 Minha mãe me deu
 Contas para rezar,
 Quem tiver seus filhos
 Saiba-os ensinar
 Veja o Cabeleira
Que vai a enforcar
............................
Meu pai me chamou
-Zé gomes, vem cá:
 Como tens passado
 No canavial?
 Mortinho de fome.
 Sequinho de sede,
 Só me sustentava
 Em caninha verdes.
-Vem cá, José Gomes,
 Anda-me contar
 Como te prenderam
 No canavial?
 Eu me vi cercado.
 De cabos, tenentes,
 Cada pé de cana
 Era um pé de gente.

Cabeleira era o apelido do mestiço José gomes, turbulento e valente rapaz que espavoria os arredores do Recife e Goiana, acompanhador seu pai, Joaquim Gomes e Teodósio, matando, saqueando impunemente. Derribava a  tiros de bacamarte as crianças que subiam aos coqueiros, apavoradas com sua presença.
Finalmente o capitão-mor Cristovão de Holanda Cavalcanti cercou-o num canavial do Engenho novo, em Pan d'alho ,prendendo-o.  Cabeleira foi julgado e enforcado no largo das Cinco Pontas, quatro dias depois de lavrada a sentença, assim como seu pai e o companheiro Teodósio, em 1776. Depois de morto, por sua mocidade e as mostras de arrependimento  e contrição nos últimos momentos de vida, Cabeleira teve muito dos crimes esquecidos e a musa popular, registando o com a crueza de sua veracidade, atenuava-lhe o temperamento , culpando o velho Joaquim Gomes como o excitador do mau gênio do filho.   Fernandes Gama registou o fato na  MEMÓRIAS  HISTÓRICAS DA PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO (IV,360,Pernambucana,1848)  e Franklin Távova , 1842, 1888, publicou a vida romanceada do bandido,O CABELEIRA, Narrativa Pernambucana, Tip.Nacional, Rio de janeiro, 1876. Ver ainda Pereira da Costa,FOLCLORE PERNAMBUCANO,150.
- Nota de Luís da Câmara Cascudo.

Trecho extraído do livro Cantos populares do Brasil 1883, primeira livro publicado inteiramente de canções  recolhidas do povo, de Sílvio Romero.
Em 1963 o livro de Franklin Távora  que narra as desventura do bandido cabeleira ganhou adaptação para o cinema, o filme contava com elenco formado por Hélio Souto, Milton Ribeiro e Marlene França.

(Muitos consideram Cabeleira como o primeiro cangaceiro de que se teve conhecimento)

quarta-feira, 6 de março de 2013


 A mágica do Sertão de Guimarães Rosa se faz aqui , encerrado em cada nota da viola , da rabeca e dos carros de boi construídos por José dos reis Barbosa dos Santos , Zé coco do Riachão.  Homem analfabeto que na ausência da palavra escrita  se fez mestre na articulação da semântica dos sons do Sertão.

Passou 68 anos sem atravessar as fronteiras de Riachão compondo e animando folias de reis na pequena cidade onde nasceu, lá o Beethoven do Sertão, como é conhecido na Europa , compôs  verdadeiras obras primas de nossa cultura , mas  pela falta de registro acabaram se perdendo e sendo levadas pela ação destrutiva do tempo .

Como de costume esse gênio da terra Brasilis é deixado no esquecimento  da história musical de seu país , mas  toda alma sensível que escute ao menos uma vez um dos seus toques de viola ou de rabeca jamais conseguirá esquecer a sonoridade desse homem mágico do Sertão.